BRICS promove desdolarização por meio de sistema financeiro baseado em blockchain
BRICS promove desdolarização por meio de sistema financeiro baseado em blockchain
- Rússia esclarece desinformação sobre participantes globais
- Kelly Cromley 18 de setembro de 2024
A aliança económica BRICS, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, intensificou esforços nos últimos meses para estabelecer um sistema financeiro alternativo que reduziria a dependência do dólar americano. A iniciativa, muitas vezes referida como “desdolarização”, visa criar um sistema de pagamentos internacionais eficiente utilizando a tecnologia blockchain e outras plataformas digitais. Segundo relatos, esta rede de financiamento alternativo pode incluir mais de 159 participantes estrangeiros, conforme cobertura de vários meios de comunicação social.
Movimentos estratégicos rumo à desdolarização
O bloco BRICS tem explorado ativamente mecanismos financeiros alternativos ao longo de 2024, à medida que as discussões em torno de um sistema de pagamentos internacional contínuo ganham impulso. Segundo alguns relatos, o novo sistema pode ser baseado na tecnologia blockchain, o que permitirá transações mais rápidas e transparentes. A infra-estrutura de pagamentos apoiará principalmente moedas que não sejam o dólar, como o rublo russo e o yuan chinês, fortalecendo ainda mais os esforços de desdolarização do bloco.
Um dos principais impulsionadores desta iniciativa é o desejo de criar uma rede financeira mais independente e descentralizada. Ao afastar-se do sistema tradicional baseado no dólar, os BRICS pretendem estabelecer um quadro que permita aos países membros negociar em condições mais justas. A utilização da blockchain também pode reduzir os custos de transação e os tempos de processamento, tornando as transações transfronteiriças mais eficientes.
Embora o sistema esteja bem encaminhado, há casos de disseminação de desinformação, especialmente no que diz respeito ao número de países envolvidos. Os primeiros relatórios sugeriam que 159 países já tinham aderido ao sistema de pagamentos antes do seu lançamento oficial. A confusão surgiu porque este número foi mal interpretado a partir de declarações oficiais das autoridades russas.
Explicação dos números de participação
Um relatório amplamente divulgado citou incorretamente a Governadora do Banco da Rússia, Elvira Nabiullina, sugerindo que 159 países participavam na rede de pagamentos do BRICS. No entanto, as autoridades russas esclareceram posteriormente que os comentários de Nabiullina eram sobre o número de participantes estrangeiros no Sistema de Mensagens Financeiras da Rússia (SPFS), e não sobre o próprio sistema de pagamentos dos BRICS. O SPFS, que atua como alternativa ao SWIFT, tem chamado a atenção por integrar mais de 160 participantes de 20 países, o que por si só é uma grande conquista.
Após a confusão, a rede estatal de notícias russa RT pediu desculpas depois de inicialmente relatar informações incorretas. A rede retirou o artigo e esclareceu o erro na sua conta oficial do Weibo, admitindo que a notícia sobre a adesão de 159 países ao sistema BRICS era falsa. A RT lamenta o erro e enfatizou o seu compromisso com a precisão.
Após esta retirada, uma reportagem do Crypto News Flash confirmou que o sistema de pagamento do BRICS continua a avançar, com um número crescente de participantes estrangeiros expressando interesse na rede. O SWIFT, o padrão global para mensagens financeiras, também está considerando uma solução de ativos tokenizados que poderia complementar a iniciativa BRICS.
SPFS expande presença internacional
Apesar dos reveses devido à desinformação, o SPFS da Rússia está a ganhar atenção internacional. De acordo com Alla Bakina, chefe do sistema nacional de pagamentos do Banco da Rússia, o SPFS conta atualmente com mais de 160 participantes estrangeiros, incluindo instituições financeiras de 20 países. Estes participantes incluem dois bancos cubanos, demonstrando ainda mais a crescente presença global do sistema. Muitos destes participantes são de países que mantêm fortes laços diplomáticos e económicos com a Rússia, como a Arménia, o Cazaquistão e a Bielorrússia.
A expansão do SPFS representa um movimento estratégico da Rússia para reduzir a sua dependência do sistema financeiro dominado pelo Ocidente. O desenvolvimento de uma alternativa ao SWIFT tornaria a Rússia e os seus aliados mais bem equipados para resistir a potenciais sanções e outras pressões económicas. O aumento do número de participantes estrangeiros no SPFS também reflecte uma tendência mais ampla nos países que procuram alternativas às instituições financeiras lideradas pelos EUA.
O papel das criptomoedas na visão dos BRICS
À medida que os BRICS avançam com a sua agenda de desdolarização, aumentam as especulações sobre o papel que as criptomoedas desempenharão neste novo ecossistema financeiro. A Rússia, em particular, fez progressos significativos na legalização da mineração de criptomoedas, o que poderia fortalecer a sua posição no comércio internacional. Além disso, há relatos de que a Rússia planeja lançar duas bolsas nacionais de criptomoedas para facilitar transações transfronteiriças usando ativos digitais.
A Índia, outro ator importante no bloco BRICS, também está avançando no desenvolvimento de um quadro regulatório abrangente para criptomoedas. Embora o governo indiano tenha sido cauteloso em relação às moedas digitais no passado, desenvolvimentos recentes sugerem que está agora a explorar os benefícios potenciais da tecnologia blockchain e dos ativos digitais no comércio internacional. Estas medidas refletem uma tendência mais ampla em que os países BRICS estão a aproveitar o poder das criptomoedas e da blockchain para fortalecer a sua independência económica.
Olhando para o futuro: o ambiente financeiro em evolução dos BRICS
À medida que o bloco BRICS avança nos esforços para estabelecer um sistema financeiro alternativo, a desdolarização poderá ter implicações de longo alcance para a economia global. A integração da tecnologia blockchain nos sistemas de pagamentos internacionais trará mudanças significativas na forma como as transações transfronteiriças são conduzidas, aumentando a eficiência, a segurança e a transparência.
Embora subsistam desafios, tais como a necessidade de uma comunicação mais clara e de um quadro regulamentar mais robusto, é digno de nota o progresso dos BRICS na construção de uma rede financeira descentralizada. O potencial para um sistema financeiro global mais diversificado e justo continua a crescer à medida que mais países manifestam interesse em participar nestas iniciativas.
O sucesso da iniciativa de desdolarização do bloco BRICS dependerá, em última análise, do incentivo a uma ampla participação e da manutenção da estabilidade do sistema financeiro alternativo. Com avanços contínuos na tecnologia blockchain e criptomoeda, esta aliança parece bem posicionada para remodelar o futuro do comércio e das finanças globais.