Arábia Saudita acabou de chocar o dólar

 



Arábia Saudita acabou de chocar o dólar

Num vídeo recente, o analista Cyrus Janssen discutiu uma mudança significativa no cenário financeiro global: a decisão da Arábia Saudita de pôr fim ao seu acordo de longa data com os EUA, o petrodólar, e a sua orientação para os BRICS e a China. Este desenvolvimento suscitou uma série de questões e preocupações sobre o futuro do dólar americano e o papel dos BRICS no novo mundo multipolar.

Primeiro, vamos recapitular brevemente o acordo do Petrodólar. Estabelecido em 1974, este acordo exigia que a Arábia Saudita vendesse o seu petróleo exclusivamente em dólares americanos. Em troca, os EUA forneceram proteção militar ao reino. Este sistema tem sido uma pedra angular da ordem financeira global, sustentando o domínio do dólar americano como a principal moeda de reserva mundial.

Contudo, os recentes movimentos da Arábia Saudita sugerem que esta era pode estar a chegar ao fim. Tal como Janssen discutiu, a Arábia Saudita tem vindo a expandir as suas relações com vários países do BRICS e com a China. 

Esta mudança não tem apenas a ver com cooperação económica, mas também com segurança e alinhamento político. Com esta medida, a Arábia Saudita posiciona-se para capitalizar a Iniciativa Cinturão e Rota da China e beneficiar do crescimento dos mercados emergentes, diminuindo potencialmente o papel dos EUA na região.

As implicações desta mudança para o dólar americano são profundas. O estatuto do dólar americano como moeda de reserva global permitiu aos EUA manter um défice comercial significativo, ao mesmo tempo que beneficiava da senhoriagem – a diferença entre o custo de produção de uma moeda e o seu valor nominal. 

Um declínio no domínio do dólar poderá levar a custos de financiamento mais elevados e à inflação para os EUA, bem como enfraquecer a sua influência geopolítica.

Por outro lado, a ascensão dos BRICS e o seu papel crescente no sistema financeiro global poderá levar a um mundo mais multipolar. Esta mudança pode oferecer várias vantagens:

1. Maior estabilidade: Um mundo multipolar poderia reduzir o risco de crises económicas ligadas a uma moeda única dominante ou a um bloco económico.

2. Opções diversificadas: À medida que mais países aderem aos BRICS, poderá haver um aumento de sistemas financeiros alternativos, reduzindo a dependência do dólar americano e proporcionando mais opções para o comércio e investimento internacionais.

3. Representação mais justa: Um mundo multipolar poderia levar a uma distribuição de poder mais equitativa na governação financeira global, dando às economias emergentes uma maior influência na definição da ordem económica global.

É crucial, no entanto, não subestimar os desafios de tal transição. Os sistemas multipolares estão frequentemente repletos de complexidades e potenciais conflitos. Além disso, desmantelar o sistema profundamente enraizado do petrodólar seria uma tarefa gigantesca, exigindo esforços coordenados de vários países.

Em conclusão, a mudança da Arábia Saudita em direcção aos BRICS e à China tem, de facto, o potencial de mudar o futuro do dólar americano e da ordem financeira global. As implicações desta mudança sísmica ainda estão a revelar-se, com potenciais benefícios e desafios para os EUA, os BRICS e o mundo em geral. À medida que o cenário financeiro global continua a evoluir, todos os olhares estarão voltados para a forma como estas dinâmicas emergentes moldam o futuro das finanças e do comércio internacionais.

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