A mudança em direção ao físico: o ouro e a prata se libertam das amarras do papel.

 




 A mudança em direção ao físico: o ouro e a prata se libertam das amarras do papel.



Em uma mudança radical que está transformando as finanças globais, o ouro e a prata estão acelerando sua transição de derivativos em papel manipulados para ativos físicos tangíveis. Isso não é especulação, mas uma ruptura estrutural impulsionada por bancos centrais, reformas regulatórias e uma demanda real insaciável. À medida que os mercados de papel se fragmentam sob a pressão de entrega, a negociação física emerge como a força dominante, podendo desencadear aumentos explosivos de preços.

O catalisador?

As regras do Índice de Financiamento Estável Líquido (NSFR) de Basileia III, totalmente em vigor para instituições americanas desde 1º de julho de 2025, agora classificam o ouro físico não alocado como um ativo líquido de alta qualidade, elevando seu status e marginalizando os títulos em papel sem lastro. Os bancos de metais preciosos, antes dependentes de reservas fracionárias, estão se esforçando para garantir o metal físico, expondo décadas de refinanciamento em que as transações em papel superaram a oferta física em proporções superiores a 100:1. Os cofres da COMEX e da LBMA relatam estoques esgotados, com as entregas de prata atingindo um recorde de 53 milhões de onças apenas em setembro, indicando uma grave escassez.

Entra em cena o bloco BRICS: a Bolsa de Ouro de Xangai, na China, agora exige depósitos físicos para a negociação de contratos futuros, interrompendo as exportações e mantendo o metal em reservas domésticas. A Rússia alocou US$ 535 milhões para reservas de prata em seu orçamento de 2025, enquanto a Índia e a Arábia Saudita estão aumentando suas reservas. 

Essa onda de desdolarização, impulsionada pela dívida americana de US$ 35,7 trilhões, levou os bancos centrais a acumularem reservas em um ritmo sem precedentes, criando "níveis de preços mais altos, com suporte físico". O ouro ultrapassou US$ 4.000/oz, a prata US$ 53/oz, e a relação ouro/prata normalizou-se de 120:1 para mínimas históricas, sugerindo uma forte alta da prata.

A demanda industrial intensifica a pressão:
o papel da prata em painéis solares, veículos elétricos e infraestrutura de inteligência artificial enfrenta déficits persistentes, excedendo a produção de mineração em 200 milhões de onças anualmente. 

Ao contrário dos voláteis contratos futuros em papel, propensos a interrupções e manipulação, os mercados físicos na Ásia estão ditando o ritmo, com os prêmios subindo 22% nos cofres norte-americanos. Analistas como Andy Schectman alertam para uma "pressão histórica de venda a descoberto" à medida que a contração atinge a prata na COMEX, as taxas de arrendamento disparam para 39% e as instituições abandonam os derivativos em busca da propriedade direta.

Quais as implicações?

Um mercado de duas camadas, onde os prêmios físicos estão dissociados das ilusões do papel, está corroendo a confiança fiduciária e acelerando a transferência de riqueza para ativos tangíveis. Até 2026, especialistas preveem que os shoppings centers migrarão para a Índia e a China, tornando as sacolas de papel ocidentais obsoletas. Para os investidores, a mensagem é clara: acumulem ativos físicos agora, antes que a farsa seja totalmente exposta.