O medo de que a dívida dos EUA cause um colapso econômico é em grande parte equivocado.
O medo de que a dívida dos EUA cause um colapso econômico é em grande parte equivocado.
A verdadeira ameaça não reside no montante da dívida, mas em como o dinheiro e o crédito são criados e utilizados. Irving Fisher sugeriu que um choque — como uma quebra do mercado — poderia desencadear a liquidação da dívida, o que reduziria a oferta de moeda e causaria deflação. Mas isso pressupõe que o pagamento da dívida remova dinheiro do sistema, o que não é verdade em uma economia movida por poupança real.
Quando a poupança é emprestada, ela financia a atividade produtiva. Um produtor que poupa parte de sua produção pode emprestar essa poupança, por meio de um banco, a outro produtor. O mutuário usa os fundos para expandir suas operações e, eventualmente, quita o empréstimo com juros. O dinheiro permanece em circulação, apoiando a expansão econômica. Esse tipo de empréstimo, lastreado em poupança real, é o motor do crescimento sustentável.
Os problemas começam quando os bancos concedem empréstimos sem poupança real — criando dinheiro "do nada". Esse empréstimo inflacionário distorce o mercado. O mutuário agora gasta dinheiro recém-criado que não está vinculado a nenhuma produção real. Em um sistema bancário verdadeiramente livre, esse comportamento acarretaria sérios riscos. Se um banco se estende demais e seus clientes gastam dinheiro em outros bancos, o banco emissor pode enfrentar pressões de resgate que não consegue atender, levando à insolvência.
Mas, com um banco central em funcionamento, esses riscos são neutralizados. Os bancos se tornam filiais da autoridade central. Se um banco estiver em déficit durante as liquidações interbancárias, ele toma emprestado do banco central, que simplesmente cria o dinheiro. Isso permite que todos os bancos inflacionem juntos, em uníssono, sem a disciplina das forças de mercado. A competição desaparece. O sistema se torna um cartel.
A ilusão de prosperidade causada pelo dinheiro fácil leva a um problema mais profundo: o esgotamento do "fundo de subsistência" — o conjunto de poupança real que sustenta a produção e o crescimento. Quando o crédito é expandido artificialmente, os recursos passam de criadores de riqueza para usos improdutivos. Com o tempo, isso enfraquece os alicerces da economia. Quando a bolha estoura, não é a dívida ou mesmo a deflação que causa a recessão — é a destruição prévia do capital real.
No fim das contas, não é o tamanho da dívida americana que representa o perigo. A verdadeira ameaça vem de um sistema monetário construído sobre crédito falso, apoiado pelo planejamento central. Dívidas lastreadas em poupança genuína sustentam o crescimento. Dívidas criadas por meio de expansão artificial o prejudicam. A crise não começa quando a dívida é paga — começa quando o dinheiro nunca foi real.